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7 de janeiro de 2016

Gigantes do petróleo vão cortar investimentos novamente em 2016


LONDRES - Com o preço do petróleo atingindo o menor valor dos últimos 11 anos, os maiores produtores mundiais de óleo e gás estão enfrentando o maior período de cortes de investimento em décadas, mas que são esperados para emprestar mais visando preservar os dividendos exigidos pelos investidores. Com o barril custando cerca de US$ 37, os preços do petróleo estão muito abaixo dos US$ 60 que empresas como a Total, Statoil e BP precisam para equilibrar suas reservas, nível que já foi reduzido drasticamente nos últimos 18 meses.

As petrolíferas internacionais estão, mais uma vez, sendo forçadas a cortar gastos e empregos, vender ativos e atrasar projetos, já que a queda do preço do petróleo não sinaliza uma possível recuperação. As produtoras norte-americanas Chevron e ConocoPhillips publicaram os planos de corte no orçamento de 2016 por um trimestre. A Royal Dutch Shell também anunciou mais US$ 5 bilhões em cortes, caso se consolide a aquisição da BG Group.

Em 2016, os investimentos globais em petróleo e gás devem cair para o nível mais baixo nos últimos seis anos atingindo US$ 522 bilhões, após enfrentar uma queda de 22% chegando a US$ 595 bilhões em 2015, segundo a consultoria Rystad Energy, sediada em Oslo.

— Esta será a primeira vez, desde a crise de preços do óleo de 1986, que veremos um declínio nos investimentos por dois anos consecutivos —disse o vice-presidente de Mercados de Petróleo e Gás da Rystad Energy, Bjoernar Tonhaugen, à Reuters.

As atividades que sobreviverem serão aquelas que irão oferecer os melhores retornos.
Mas com o índice de endividamento relativamente baixo, em cerca de 20% ou menos, fontes da indústria afirmam que as empresas pretendem assumir ainda mais empréstimos para cobrir o déficit na receita, visando proteger o pagamento de dividendos.

A Shell não corta seus dividendos desde 1945, uma tradição que a atual gestão não está disposta a quebrar. O restante do setor também é avesso a reduzir os pagamentos aos acionistas, que incluem os maiores investimentos e fundos de pensão do mundo, com receio de que os investidores abandonem o barco.

Entre as principais petrolíferas, a Exxon Mobil e Chevron são as que possuem a menor dívida, enquanto a Statoil e a Repsol têm o maior peso da dívida, de acordo com o analista Jason Gammel Jefferies.

MENOS DECISÕES
Com apenas alguns grandes projetos aprovados em 2015, incluindo o projeto Appomattox da Shell no Golfo do México e o campo Johan Sverdup de US$ 29 bilhões da Statoil no Mar do Norte, 2016 provavalmente também será de poucas decisões de grandes investimentos.
De acordo com Gammel, os planos que podem conseguir aprovação para avançar incluem a fase 2 da plataforma Mad Dog da BP no Golfo do México, a qual a companhia espera custar menos de US$ 10 bilhões — cerca de metade do original estimado —, e a expansão do projeto Tengiz da Chevron no Cazaquistão.

Em toda a indústria, os custos terão cortes a partir da redução do tamanho dos projetos, da renegociação dos contratos de fornecimento e do menor uso de tecnologia complexa.
Após a rápida expansão na primeira metade da década, quando os preços da commodity estavam acima de US$ 100 por barril, as empresas agora devem se concentrar em atividades mais rentáveis, segundo Brendan Warn, analista de petróleo e gás da BMO Capital Markets.
— As companhias querem reduzir reduzir a extensão da atividade e escolher aqueles de maior retorno em capital — afirma Warn.
A Shell, que planeja completar sua aquisição da BG por US$ 54 bilhões em fevereiro, pretende focar no mercado de gás natural liquefeito (GNL) e na produção de petróleo em águas profundas, especialmente no Brasil, sendo a BG líder nas duas áreas.

Com prioridades similares em mente, a BP está cada vez mais concentrada no Golfo do México e no Egito, onde conseguiu aprovar um investimento de US$ 12 bilhões em 2015.
Com milhares de postos de trabalhos cortados em 2015, novos cortes de emprego são esperados este ano à medida em que as companhias restringem seus objetivos, aponta Warn.

Além de reduzir despesas pelo engavetamento e adiamento de projetos, as gigantes petroleiras verão alguns custos caírem já que contratantes concordaram em reduções futuras de preços. Por exemplo, o custo anual para contratar uma navio de perfuração foi de US$ 332 mil em 2015, comparado a US$ 405 mil em 2014, de acordo com a consultoria Rigzone, que coleta dados do setor.

Fonte: O Globo

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